
O Perigo do Autoconvencimento
Entre Saber e Se Iludir. Convencimento pode ser bom — mas cuidado com o autoconvencimento.
Alan / Lurdes
2 min read



A origem da palavra “conhecimento” vem do latim gnoscere, que significa “saber, perceber, aprender”. Mais tarde, evoluiu para cognoscere — que deu origem à palavra “conhecer”, e finalmente ao termo que usamos até hoje: conhecimento.
Essa palavra poderosa carrega consigo uma essência que vai além de acumular informações. Ela implica descobrir, aprender, reconhecer algo pela experiência, razão ou percepção.
Tudo isso para dizer que CONVENCIMENTO vem do conhecer, descobrir, aprender.
Mas saber... nem sempre basta.
Saber que tomate é fruta, por exemplo, é conhecimento. Mas também é sabedoria entender que ele não vai na salada de frutas.
Aprender com nossos desafios diários é bom.
Perceber os detalhes ao nosso redor é sinal de consciência.
O contrário disso? É teimosia disfarçada de certeza.
Quando o desejo toma o volante.
Agora, imagine aquele momento em que você deseja algo com todas as forças. Quer tanto que parece que o universo conspira: você começa a ver sinais, tudo parece apontar para aquilo que você deseja.
Mulheres grávidas começam a notar outras mulheres grávidas por todos os lados.
O homem que deseja um carro específico passa a cruzar com ele nas ruas todos os dias.
E logo vem o pensamento: “É o destino”, “É um sinal”, “Só pode ser divino”.
Mas será?
Segundo estudos da Programação Neurolinguística (PNL), nossa mente filtra e foca aquilo que consideramos importante. Esse mecanismo chama-se Sistema de Ativação Reticular — uma função do nosso cérebro responsável por filtrar os milhões de estímulos que recebemos e destacar apenas aquilo que julgamos relevante. Em outras palavras, você vê mais do que quer ver.
É aqui que mora o perigo do autoconvencimento: nós justificamos nossos desejos com uma “lógica” feita sob medida para agradar a vontade — mesmo que essa vontade não seja a melhor escolha.
O discurso interno que engana.
Quantas vezes você já disse:
“Hoje eu me comportei, mereço esse doce.”
“É só uma exceção.”
“Eu mereço!”
E aos poucos, sem perceber, o “só hoje” vira um padrão. O “eu mereço” se transforma em rotina. E o resultado?
Resultado é só resultado. Ele reflete as escolhas que você fez ontem.
Simples assim. Duro assim.
A união da razão com o sentir.
Eu adoraria que tudo fosse mais simples. Que nosso cérebro se alinhasse automaticamente com nossa intenção. Que nossas decisões viessem equilibradas entre razão e emoção.
(E aqui vale abrir um parêntese para um futuro texto: o cérebro intestinal — sim, temos neurônios no intestino! — é um dos centros de decisões emocionais mais subestimados que existem.)
Mas voltando ao ponto: agir com consciência é unir desejo e discernimento.
É decidir sabendo por que se decide.
É fazer, não porque é gostoso ou fácil, mas porque é coerente com o que você busca.
Sonhos precisam de verbo.
Desejo que, a cada amanhecer, você desperte mais o seu saber, mais o seu aprender, mais o seu descobrir.
E que saia das frases condicionadas:
Do “um dia eu vou” para o “eu fui”.
Do “quando eu puder” para o “eu pude e fiz”.
Do “se Deus quiser” para o “Deus quis, e eu fui viver”.
A vida que desejamos se constrói nas pequenas escolhas do dia a dia.
Conhecimento é poder, mas sabedoria é prática.
E viver intensamente é o maior agradecimento que se pode fazer por estar aqui.
