O Olhar e a Disciplina

um conto sobre escolhas sutis que moldam grandes caminhos

Alan Diniz

4/9/20251 min read


Era uma manhã comum, dessas em que o sol parece acordar devagar junto com a gente. Ele caminhava em silêncio, como quem escuta o chão, os pensamentos e os sinais invisíveis da vida. Parou à beira de um lago. A água refletia não apenas o céu, mas algo mais profundo: ele mesmo.
E ali, entre o reflexo e a realidade, surgiu a pergunta que viria a guiar o dia: “O que eu estou realmente vendo?”

Não era só sobre olhar com os olhos, mas sobre perceber com a alma.

"Olhar", do latim oculare — lançar os olhos sobre algo — mas para mim, olhar é mais que ver; é perceber, entender, corrigir e fazer diferente. É um convite à consciência. É quando, diante de uma falha ou desafio, escolho me perguntar: O que isso quer me ensinar? Em vez de: Por que isso está acontecendo comigo?

Esse tipo de olhar exige coragem. Porque enxergar de verdade nem sempre é confortável. É mais fácil culpar o outro, o tempo, a falta de sorte. Mas aí entra a segunda chave: disciplina.

"Disciplina" vem do latim disciplina, que significa ensino, instrução. E por sua raiz discipulus, somos todos aprendizes.
Mas eu gosto de ver disciplina como a prática constante de lembrar o que realmente importa e alinhar minhas atitudes a esse propósito, mesmo quando é difícil.
É a decisão diária de não repetir desculpas, de não terceirizar a responsabilidade, de escolher a ação ao invés da reação automática.

Naquele instante, à beira do lago, ele entendeu:
Aprender com o que se vê é o primeiro passo.
Fazer diferente a partir do que se aprendeu é o segundo.
E repetir isso, mesmo sem aplauso, é disciplina.

A vida, no fim, é esse ciclo entre o olhar e a ação.
Entre ver e fazer.
Entre perceber e transformar.

E naquele reflexo, antes de seguir seu caminho, ele deixou uma promessa silenciosa:
"Hoje, escolho ver de verdade. E agir com propósito.